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ADPEC lança mapeamento inédito sobre a realidade das defensoras e defensores públicos no Ceará

61,8% dos defensores que responderam a pesquisa relataram já ter sofrido ameaças ou violência no exercício da função e 72,9% consideram insuficiente o número de colaboradores na Defensoria.

A Associação das Defensoras e dos Defensores Públicos do Estado do Ceará (ADPEC) lançou o Primeiro Mapeamento das Defensoras e Defensores Públicos do Ceará, trazendo à tona dados inéditos sobre a realidade enfrentada por quem atua na linha de frente da defesa dos direitos da população. A pesquisa foi realizada pela empresa Cuali Pesquisa, por meio de questionários aplicados junto à categoria.

O levantamento foi divulgado por meio de vídeos nas redes sociais da entidade, que, ao longo de uma semana, apresentou os principais resultados da pesquisa, com foco em temas sensíveis como ameaças e violência, atividades cumulativas, saúde mental e estrutura de apoio.

Entre os dados mais alarmantes está o de que 61,8% dos defensores que responderam à pesquisa relataram ter sofrido algum tipo de ameaça ou violência no exercício da função. Apenas 34,1% se sentem seguros no ambiente de trabalho, revelando um cenário de insegurança que compromete diretamente o exercício pleno da atividade. Outro ponto crítico revelado é o acúmulo de funções: 81,8% dos defensores disseram já ter exercido atividades cumulativas, gerando sobrecarga de trabalho e impacto direto no atendimento prestado à população.

A saúde mental da categoria também preocupa: mais da metade dos defensores (53,5%) afirmam que o trabalho prejudica seu bem-estar psicológico. O mapeamento ainda apontou fragilidades na estrutura de apoio, com 72,9% dos profissionais considerando insuficiente o número de colaboradores. Além disso, 54,7% dos defensores compartilham as salas de atendimento com outros colegas, comprometendo a privacidade do serviço.

Os dados revelam um cenário desafiador para a Defensoria Pública, que atende potencialmente 95% da população cearense, composta majoritariamente por pessoas em situação de vulnerabilidade. Crianças, adolescentes, idosos, vítimas de violência, pessoas privadas de liberdade e minorias sociais estão entre os principais assistidos. A pesquisa evidencia a urgência de investimentos estruturais, humanos e orçamentários para fortalecer a instituição e garantir que seus membros possam atuar com dignidade, segurança e equilíbrio.

Para a presidenta da ADPEC, Kelviane Barros, os dados revelados representam um chamado à ação: “Esse mapeamento é um marco importante na história da nossa associação. Ele mostra, com clareza, o que os nossos colegas enfrentam todos os dias e reforça a necessidade de construirmos um ambiente de trabalho mais seguro, humano e estruturado. Defender os direitos da população passa, necessariamente, por garantir condições dignas de atuação a quem está nessa missão.”

Com essa iniciativa, a ADPEC busca sensibilizar a sociedade e os gestores públicos para que a Defensoria Pública seja fortalecida como instituição essencial à justiça e à cidadania.